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terça-feira, 22 de dezembro de 2009

EX-PREFEITOS COM CANDIDATURA IMPUGNADA ELEGEM ALIADOS

Luiz Ribeiro - Estado de Minas




Eles foram afastados pela Justiça, que impediu que assumissem como prefeitos. Porém, na prática, acabaram não sendo barrados nas prefeituras. Esta é a situação vivida no interior de Minas por candidatos a prefeito que, em 2008, saíram vitoriosos nas urnas, mas, devido a problemas com a Justiça Eleitoral, não puderam tomar posse. Mesmo assim, eles voltaram a influenciar ou participar diretamente das decisões em seus municípios, tendo em vista que, nas eleições extemporâneas, realizadas ao longo deste ano, indicaram ou apoiaram nomes dos grupos que lideram e que ganharam as novas disputas.



Este quadro é verificado, por exemplo, em Francisco Sá – de 23,4 mil habitantes, no Norte de Minas –, onde o ex-prefeito Antonio Dias (PTB), que já administrou o município por dois mandatos (1997/2004), concorreu novamente à prefeitura em 2008. Ele ganhou a disputa contra o então prefeito Ronaldo Ramon de Brito (DEM). Porém, devido a problemas nas prestações de contas em suas gestões anteriores, tanto vencedor como vencido foram impugnados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que anulou a eleição.



O Tribunal Regional Eleitoral (TRE) marcou novo pleito em Francisco Sá para 22 de março passado. Impedido de concorrer novamente, Dias apoiou o ex-prefeito José Mário Pena (PV), que venceu a disputa contra o vereador Denílson Silveira (PCdoB). Com a posse de José Mário, Dias foi nomeado presidente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), autarquia municipal, e indicou ocupantes de cargos no primeiro escalão da prefeitura. Ele admite uma certa influência na administração. "O grupo que ganhou a eleição tem várias pessoas ligadas a mim e procuro dar a minha contribuição". Porém, nega que tenha o comando da prefeitura. "Quem manda é o José Mário. Tenho a sensibilidade de não procurar aparecer", afirma Dias, com a experiência de já ter sido presidente da Assembleia Legislativa e deputado federal (por dois mandatos).



Por seu lado, José Mário afirma que respeita Antonio Dias, de quem ouve sugestões, mas que a palavra final é dele (José Mário). "A minha administração tem algumas diretrizes e quero resultados e eficiência das pessoas que trabalham comigo, de forma muito transparente. Tanto é que, em janeiro, deveremos fazer remanejamento em alguns cargos.



Mulher



Em Ponto Chique – de 4,1 mil habitantes, no Norte de Minas, a eleição de 2008 foi vencida por Augusto Gonçalves Ramos Filho (PMDB), o Agostinho, que derrotou o então prefeito Geraldo Magela Flávio (PP), candidato à reeleição. Por causa de problemas na prestação das contas relativa ao seu mandato anterior (2001/2004), Agostinho foi impugnado pelo TSE. Como ele teve mais de 50% dos votos, o pleito de 2008 em Ponto Chique também foi anulado. Declarado inelegível pela Justiça Eleitoral, na eleição extemporânea realizada em março Agostinho indicou a mulher, Íris Pereira Ramos (PMDB), como candidata a prefeita. Ela concorreu com o ex-prefeito Geraldo Magela Rabelo e venceu.



Com a posse da mulher na prefeitura, Augusto Ramos assumiu o cargo de secretário administrativo. Na semana passada, por várias vezes, o Estado de Minas tentou, mas não conseguiu contato com ele. Já a prefeita Íris Pereira Ramos, ouvida por telefone, ao ser informada do teor da reportagem, evitou conversa. A princípio, alegou que só aceitaria entrevista pessoalmente. Depois, aceitou o encaminhamento das perguntas por e-mail, o que foi providenciado. Porém, não retornou.



Em outubro de 2008, o então prefeito de Carmo do Paranaíba – de 30,8 mil habitantes, no Alto do Paranaíba –, João Braz de Queiroz (DEM) conseguiu se reeleger. Mas, devido à denúncia da compra de votos, formulada pelo Ministério Público, João Braz e seu vice, José Caetano de Almeida Neto (DEM), foram cassados pela Justiça Eleitoral. Como o prefeito reeleito teve mais de 50% dos votos, a disputa foi anulada. Uma nova eleição foi realizada em julho, sem João Braz – que ficou inelegível. Ele apoiou o candidato Helder Costa Boaventura (DEM), que saiu vencedor nas urnas.



O ex-prefeito deixou de vez a administração municipal, retornando à sua atividade empresarial – do ramo de imobiliária. Mas mesmo com sua saída, o grupo que permanece à frente da prefeitura é praticamente o mesmo. "Mesmo com a troca de prefeito, como o grupo é o mesmo, quase todas as pessoas que estavam na prefeitura continuam em seus cargos. Assim, não tivemos problema de descontinuidade administrativa", assegura João Braz. Ele diz que "se quisesse" poderia ocupar algum cargo na atual administração. "Até me sondaram. Mas, não me interessei. Optei por voltar aos meus negócios, que estavam sendo prejudicados com a minha ausência", afirma o ex-prefeito.

2 comentários:

Nicomedes Mendes(tico) disse...

assim sendo,com atual conjuntura politica brejeira e com a maioria votando sem pensar seus atos,resta-me convençer que só mudaram às moscas a merda vai continuar a mesma.

Jacobino disse...

Se mudaram as moscas? Tenho mimhas dúvidas ! Com o salário de fome, a gastronomia continua intacta, as moscas também ! Não é?